Inovação na forma de condução de Projetos de Desenvolvimento

Inovação na forma de condução de Projetos de Desenvolvimento

As intervenções de projetos de desenvolvimento em cidades, regiões e países têm maiores taxas de sucesso quando estão relacionadas à construção de “coisas físicas” (hard development) como estradas, escolas e outros. No entanto, garantir que a utilização desta infraestrutura física seja feita com eficiência, produzindo serviços de qualidade à sociedade (soft development), tem se provado um desafio muito maior que a construção de bens materiais ou instalações físicas.


Este primeiro post faz parte de uma série que tem por objetivo explicar a metodologia de trabalho da Muove Brasil. Temos estudado e assimilado a metodologia de implementação de projetos de desenvolvimento desenvolvida pelos pesquisadores Matt Andrews, Lant Pritchett e Michaek Woolcock da Harvard Kennedy School e, nomeada de Problem Driven Iterative Adaptation¹. Em tradução livre para o Português, adaptada pela Muove Brasil, pode ser chamada de Estratégia Iterativa e Adaptativa para Resolução de Problemas.
Com intuito de justificar uma abordagem alternativa à comumente utilizada pelas tradicionais agências de desenvolvimento, os pesquisadores de Harvard inicialmente falam sobre as “armadilhas na construção da capacidade institucional” (capability traps). Quantos projetos de melhoria da qualidade da educação de redes de ensino, dinamização de indústria local ou reestruturação de sistemas de saúde que conhecemos já falharam? Matt Andrews e os outros pesquisadores da renomada universidade defendem que as metodologias tradicionais, utilizadas em projetos de desenvolvimento, criam incentivos para que localidades adotem boas práticas em leis, políticas e formas organizacionais que muitas vezes não têm relação direta com os problemas que estas localidades de fato enfrentam. De acordo com os pesquisadores, a ideia não é contrária a adoção de boas práticas, mas sim contrária a adoção de boas práticas que não têm relação com os problemas reais das localidades. Resumidamente, são contra a adoção de práticas simplesmente por estarem alinhadas com pareceres de experts em determinadas áreas. Sendo assim, a adoção de boas práticas deve ser precedida de bons diagnósticos que permitem que os problemas reais sejam identificados.

Processos de resolução de problemas que exibem este comportamento de adoção de boas práticas simplesmente por serem as recomendações de experts, podem ser caracterizados por um efeito chamado mimetismo isomórfico. Mimetismo tem relação com imitação e isomórfico com similaridade na forma e aparência. Desta forma, reformas de estado ou projetos de desenvolvimento que se caracterizam por mimetismo isomórfico utilizam de políticas públicas que funcionaram em outros contextos, porém nem sempre representam as intervenções que precisam ser feitas para resolver os problemas reais. Nestes projetos, os atores locais envolvidos na reforma das políticas públicas acabam por aceitar e adotar estas boas práticas desconexas da realidade local, pois somente estas garantem a legitimidade junto aos órgãos que influenciam e/ou julgam a qualidade das intervenções em busca do desenvolvimento.

Como localidades podem escapar destas armadilhas na construção de capacidade institucional? Antes de apresentarmos nosso entendimento (próximos posts), precisamos entender em quais situações e os porquês governos caem nesta armadilha. De acordo com os pesquisadores de Harvard, estes problemas emergem quando intervenções (a) têm por objetivo reproduzir soluções externas consideradas boas práticas nas agendas dominantes que não tem relação com o problema local, (b) são executadas em processos lineares de implementação de projetos, (c) estão sujeitas a monitoramentos restritos e devem ter aderência alta aos planos iniciais do projeto e, por último, (d) são implementadas de cima para baixo (top-down policies), por exemplo, através de decretos.

Atualmente no Brasil, poucas organizações trabalham com esta metodologia. O Centro de Liderança Pública – CLP é uma destas organizações que, junto com a Muove Brasil, busca aumentar o sucesso de intervenções em localidades através da adoção de metodologias inovadoras de execução de projetos.

Fique atento aos próximos posts desta série que irá contar sobre a metodologia de execução de projetos da Muove Brasil. Aproveite também para comentar e fazer perguntas sobre o assunto.

Muove Brasil: Conhecimento e soluções em desenvolvimento sustentável para municípios

 

 

¹ Matt Andrews, Lant Pritchett, and Michael Woolcock. 2012. “Escaping Capability Traps through Problem-Driven Iterative Adaptation (PDIA).” CGD Working Paper 299. Washington, D.C.: Center for Global Development. http://www.cgdev.org/content/publications/detail/1426292

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